Carta do Gestor/Informativo Mensal Abril de 2024
- Carta do gestor
- 9 de maio de 2024
O mês de abril testemunhou alguns acontecimentos: dados de inflação e atividade econômica superando as expectativas e as tensões entre Israel e Irã escalando a ponto de quase desencadear um conflito. Essas incertezas geopolíticas contribuíram para momentos de volatilidade nos mercados financeiros, com quedas nas bolsas durante os períodos de maior tensão. Além disso, o mês marcou um período de reprecificação dos ativos, resultando em um aumento das taxas de juros de 2 anos nos Estados Unidos, que alcançaram um pico de 5,04% enquanto as taxas de juros de 10 anos atingiram sua máxima anual de aproximadamente 4,75%. Esses ajustes geraram turbulência nos mercados globais de ações, moedas e juros.
Nos Estados Unidos, quando Jerome Powell declarou que “os dados recentes claramente não nos dão confiança para iniciarmos o ciclo de queda de juros”, sinalizou que pode levar mais tempo do que o previsto para que o Federal Reserve tenha a confiança necessária para reduzir as taxas de juros. Essa perspectiva levou à mudança nos preços dos ativos, refletindo uma mudança nas expectativas do mercado. Em março, o mercado ainda contava com até três cortes de juros ao longo de 2024, mas, após os comentários de Powell, passou a precificar apenas um corte entre setembro e dezembro. Além disso, alguns dirigentes do FED sugeriram que talvez não seja necessário nenhum corte, considerando a robustez do emprego e o PIB. Embora o PIB do primeiro trimestre tenha ficado abaixo das expectativas, com 1,6% em comparação à previsão de 2,5%, a inflação excedeu as expectativas, registrando 3,7% em vez dos 3,4% projetados.
A próxima reunião do FED, nos primeiros dias de maio, será crucial para fornecer indícios sobre como o banco central está reavaliando seu cenário de juros. Atualmente, qualquer dado que indique a continuidade de uma atividade econômica aquecida provoca uma resposta rápida nas taxas de juros. Para que haja uma melhoria perceptível, seria necessário uma série de indicadores econômicos consecutivos vindo abaixo das expectativas, o que poderia influenciar a curva de juros, especialmente num mercado já sensível. Vale lembrar que foi o próprio Banco Central americano quem inicialmente projetou três cortes de juros para 2024. A possibilidade de não ocorrerem cortes ou de acontecer apenas um corte nas taxas de juros este ano fortalece o dólar em nível global e mantém o capital fluindo para a economia americana. Como resultado, os mercados emergentes enfrentam dificuldades. Por exemplo, o Brasil registrou uma saída de 30 bilhões de dólares em capital apenas na bolsa este ano. Esse cenário pode trazer complicações para empresas tanto americanas quanto de outras partes do mundo, que contavam com taxas de juros menores que, agora, podem não se materializar.
Diferentemente da economia americana, a Europa apresenta uma inflação mais controlada, aproximando-se da meta estabelecida. Em resposta, o BCE está previsto para iniciar um ciclo de cortes de juros já em junho. O CPI de março mantevese estável, registrando 2,4%, uma leve redução em relação aos 2,6% do mês anterior, continuando a tendência de queda, em grande parte devido à atividade econômica mais fraca na Europa comparada à dos Estados Unidos. Embora não tenha ocorrido uma recessão, a atividade econômica mostrou-se lenta e frágil, mesmo com o mercado de trabalho permanecendo estável.
Na Inglaterra, a inflação anual caiu para 3,2% em relação aos 3,4% do mês anterior. Contudo, a inflação mensal subiu para 0,6%, acima da previsão de 0,4%, deixando incertezas sobre a possibilidade de cortes de juros em junho. O mercado de trabalho registrou sua primeira desaceleração do ano, com a taxa de desemprego aumentando para 4,2%, contra 3,9% em janeiro. Os salários cresceram 6% no trimestre, uma desaceleração em relação aos 6,1% de janeiro, mas ainda em um patamar elevado. A economia britânica mostrou sinais de recuperação, saindo da recessão e ganhando ritmo no início do segundo trimestre, conforme empresas do setor privado reportaram o crescimento mais forte em quase um ano. Assim, a possibilidade de cortes de juros em junho parece perder força. Os próximos dados, serão decisivos, caso a inflação não apresente surpresas, como ocorreu na economia americana.
No Japão, o Banco Central manteve a taxa de juros estável, continuando sua política acomodatícia, o que levou o iene a atingir uma nova mínima em 34 anos, depreciando 10% em 2024 chegando a 160,2 o USD/JPY. O Banco Central interveio no câmbio, vendendo cerca de 50 bilhões de dólares para conter a especulação cambial, mas ainda não conseguiu estabilizar a situação. Pode ser necessário observar futuras ações do Banco Central após movimentos do FED, ou mudanças na política de liquidez, como na compra de títulos de 10 anos. A desvalorização do iene atingiu um patamar que pode provocar uma corrida regional para o dólar, com implicações potencialmente globais devido à política excessivamente acomodatícia do Japão, que se tornou uma fonte de financiamento contra todas as moedas, perdendo um pouco de sua racionalidade.
Na China, o PIB do primeiro trimestre superou as expectativas, crescendo 5,3%, impulsionado pela indústria, que cresceu 6,1%, e em menor medida pelo comércio, que expandiu 4,7%. No entanto, o setor imobiliário continuou fraco, sem sinais de melhoria. A projeção para o PIB em 2024 é de cerca de 4,7%. O Banco Central da China manteve as taxas de referência estáveis em 3,45% ao ano e optou por manter o mercado altamente líquido, resultando em uma queda nos rendimentos dos títulos corporativos para uma mínima recorde de 2,25%, controlando um risco que, até recentemente, era considerado o principal risco financeiro da Ásia. A mesma estratégia está sendo aplicada à moeda, para evitar movimentos excessivos. Com o adiamento dos cortes de juros americanos, a moeda chinesa atingiu o nível mais fraco desde novembro, a 7,2349.
No Brasil, abril foi um mês particularmente desafiador, com o governo antecipando a mudança da meta fiscal de 2025 para zero, antes projetada em 0,5% positivo, e introduzindo um projeto de lei complementar de última hora que recria o DPVAT. Isso altera a lei de responsabilidade fiscal e foi justificado pelo governo como apenas uma antecipação de créditos de 15 bilhões de reais devido ao excesso de arrecadação. Além disso, houve a declaração de Roberto Campos, cogitando a retirada do guidance do Copom de maio para uma queda de 0,50% nas taxas, já precificada pelo mercado, devido à abertura das taxas de juros americanas e a uma reavaliação da política monetária, resultando em uma rodada de revisões da taxa terminal da Selic para 2024, ficando entre 9,75% e 10,25%, e uma revisão para o Copom de maio com uma queda de 0,25%. O ataque do Irã a Israel aumentou ainda mais o risco geopolítico global, levando a uma postura de aversão ao risco que fez o dólar atingir R$ 5,30.
Abril foi mais um mês decepcionante. Tivemos a maior perda mensal em anos. A perda está na posição de jurosOutra aposta que temos desde o último Copom era que em junho o pace seria reduzido para 0,25%. Essa é outra aposta que temos com valor para o fundo, que sofreu turbulência quando o mercado colocou apenas um corte na taxa de juros. O dólar apresentou um resultado positivo no mês, junto com a posição do euro, quase zerando a perda com a posição vendida em iene que encerramos 80% ao longo do mês devido ao stop. Mantemos apenas uma posição de trading neste momento. A posição de venda de bolsa americana e brasileira colaboraram com resultados positivos. Mantemos um pouco de bolsa brasileira vendida em função da proteção com os dados nos juros; na bolsa americana, estamos zerados para esperar a divulgação do Fed no dia 01/05 e ver quais serão os próximos passos que irão ditar todos os mercados. Acreditamos que ele vai reconhecer a piora da inflação e assim recuperar a confiança, os cortes de juros estarão na mesa e que a atividade tende a desaquecer com a abertura das taxas de juros. Vamos aguardar ansiosos também o Copom do dia 8/5 e esperar que ventos melhores voltem a soprar após a tempestade neste mês de maio.aplicado no janeiro 25, o DI mais curto de liquidez. Com a fala de Roberto Campos, o mercado precificou uma queda de 0,25% para maio, que ele já tinha sinalizado 0,50% no último Copom, mudando todo o cenário. Nós acreditamos que a taxa terminal do Brasil ainda tem espaço para caminhar para 10%, com três quedas de 0,25% ou até mesmo uma queda de 0,50% e outra de 0,25%, porque a inflação corrente está estável e mais baixa que a esperada pelo BC. As expectativas subiram muito pouco para 2025, de 3,50% para 3,6%, mesmo com a desvalorização cambial ocorrida. Como acreditamos que a decisão não será unânime em função de que quatro membros da diretoria são indicados pelo novo governo, ainda não descartamos o 0,50%, mesmo com uma baixa probabilidade. Por esses motivos, mantemos nossa posição aplicada no janeiro 2025, porque se ocorrer que a taxa terminal seja 10%, o fundo vai ter um retorno das perdas. A desculpa para se dar o 0,25% será que o mercado de trabalho está forte e pode impactar a inflação de serviços, somado com a postergação de queda de juros americanos para um corte, é prudente diminuir o pace para se chegar mais longe.
Outra aposta que temos desde o último Copom era que em junho o pace seria reduzido para 0,25%. Essa é outra aposta que temos com valor para o fundo, que sofreu turbulência quando o mercado colocou apenas um corte na taxa de juros. O dólar apresentou um resultado positivo no mês, junto com a posição do euro, quase zerando a perda com a posição vendida em iene que encerramos 80% ao longo do mês devido ao stop. Mantemos apenas uma posição de trading neste momento. A posição de venda de bolsa americana e brasileira colaboraram com resultados positivos. Mantemos um pouco de bolsa brasileira vendida em função da proteção com os dados nos juros; na bolsa americana, estamos zerados para esperar a divulgação do Fed no dia 01/05 e ver quais serão os próximos passos que irão ditar todos os mercados. Acreditamos que ele vai reconhecer a piora da inflação e assim recuperar a confiança, os cortes de juros estarão na mesa e que a atividade tende a desaquecer com a abertura das taxas de juros. Vamos aguardar ansiosos também o Copom do dia 8/5 e esperar que ventos melhores voltem a soprar após a tempestade neste mês de maio.